quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Esclarecimento sobre CRIOABLAÇÂO para câncer de mama


Nota publicada em janeiro de 2019 pela Sociedade Brasileira de Mastologia

Existem alguns tipos de tratamentos minimamente invasivos para o câncer de mama, tais quais: crioablação, radiofrequência, laser, microondas e ultrassonografia de alta frequência e intensidade.

Este assunto tem sido muito estudado nos últimos 20 anos e os estudos mais recentes demonstram que a crioablação parece ter maior eficácia do que os demais.

A crioablação consiste na colocação de uma agulha dentro do nódulo, guiado por ultrassonografia. Essa agulha provoca o congelamento do tumor e de parte do tecido ao redor. Todos estes métodos são EXPERIMENTAIS e tem como objetivo evitar uma cirurgia aberta, buscando minimizar o procedimento cirúrgico.

A crioablação é indicada APENAS PARA mulheres com tumores muito pequenos (< 1cm), únicos, e sem metástases em linfonodos axilares

A crioablação para o tratamento do câncer de mama é RECENTE e parece ser uma boa opção para alguns casos selecionados. Mesmo assim, SÃO NECESSÁRIOS estudos mais consistentes para inclui-la no roll dos tratamentos padronizados, OU SEJA, O TRATAMENTO AINDA NÃO É O PADRÃO

De forma alguma, este método substitui as indicações de mastectomia, quimioterapia, hormonioterapia ou terapia alvo-especifica.

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

A fosfoetanolamina cura qualquer câncer? A fosfoetanolamina é eficaz contra câncer de mama?



Não! Muito provavelmente não!
Fosfoetanolamina é uma molécula encontrada no corpo humano que participa na formação das membranas celulares. Um professor de química da USP de São Carlos desenvolveu um processo para sintetizar essa molécula em seu laboratório, mas ele só havia testado a eficácia da molécula em experimentos in vitro e in vivo em pequenos animais. O pesquisador passou a promover, há alguns anos, a distribuição de cápsulas da substância aos portadores de diversos tipos da doença.
A eficácia de uma substância para o tratamento do câncer não pode estar baseada apenas em relatos pessoais dos pacientes. É necessária a devida comprovação científica por meio de estudos clínicos (que são longos e complexos e passam por 3 fases). O estudo da fosfo não passou da fase 1. Nem se sabe ao certo qual a dose ideal e a dose tóxica.
Em 2016, o governo de São Paulo decidiu patrocinar uma pesquisa para descobrir se a fosfo realmente funcionava contra o câncer. A eficácia foi testada para tumores de pulmão, mama, próstata, estomago, fígado, colo de útero e cabeça-pescoço. A medicação não funcionou no grupo como um todo!

O câncer fragilizar seus portadores, que têm tendência a acreditar em terapias milagrosas. A esperança e a busca pela cura são legítimas e o dever de cada profissional médico é usar a evidência científica para selecionar o melhor tratamento para cada paciente.


quinta-feira, 15 de agosto de 2019

É possível evitar a Quimioterapia?




Sim! Na maioria das pacientes com câncer de mama inicial!
Até bem pouco tempo atrás, a Quimioterapia (QT) era prescrita para todas as mulheres diagnosticadas com tumores de mamas maior que 1 cm. Agora sabemos que a depender da biologia do tumor, a chance da doença retornar pode ser muito baixa e a quimioterapia (tóxica e agressiva) desnecessária.
A estratégia agora é indicar tratamento mais individualizado.
Há vários testes genéticos que podem ser feitos no tumor para determinar sua agressividade e a necessidade de QT. Os dois mais populares no mercado se chamam Oncotype e Mammaprint, cada um deles indicado em situações específicas. Não é para todas as pacientes! Existem critérios apropriados que são usados para solicitar os exames. Infelizmente, ainda não estão cobertos pelos convênios e SUS e têm um custo elevado (R$ 13 mil reais).


Oncotype Dx (Teste de 21 genes) – Quando pedir?
Resultados – Tratamento indicado

§  Qualquer idade
§  Tamanho do tumor  0,5 cm – 5cm
§  RE positivo
§  HER-2 negativo
§  Axila negativa

≤ 10 – só Hormonioterapia
11-25 - só Hormonioterapia *
>25 – QT + Hormonioterapia

*Se paciente < 50 anos com RS 21-25, há pequeno benéfico em adicionar QT (que talvez possa ser alcançado com supressão ovariana)

Mamaprint (Teste de 70 genes) – Quando pedir?
Resultados – Tratamento indicado

§  Qualquer idade
§  Alto risco clínico
§  T1, T2, T3 (operável)
§  RE positivo
§  HER-2 negativo
§  Axila negativa ou Axila positiva (1-3 LN)

Baixo risco – só Hormonioterapia
Alto risco - QT + Hormonioterapia

sábado, 3 de agosto de 2019

MASTITES CRÔNICAS



Ø  São as inflamações mamárias não associadas à amamentação que recidivam com frequência.
Ø  Causas mais comum:


SOBREPESO E OBESIDADE

Normalmente as pacientes que tenho diagnosticado com mastite crônica e recidivante apresentam algum grau de sobrepeso. Acredito que esta seja, possivelmente, a causa mais comum dos episódios de inflamação na mama. Já foi demonstrado em modelos animais e humanos que existe uma inflamação subclínica no tecido adiposo mamário das pacientes obesas. Macrófagos infiltram a gordura da mama e formam uma coroa ao redor das células adipócitas mortas e esses macrófagos produzem muitos mediadores inflamatórios. Além disso, a obesidade aumenta o risco de câncer de mama e está associada a um pior prognóstico entre as sobreviventes do câncer. Estudos mostram que a restrição calórica pode reverter à inflamação da glândula mamária em animais obesos. A diabetes também está associada a inflamações e lesões nodulares na mama.


MASTITE GRANULOMATOSA IDIOPÁTICA E TUBERCULOSE MAMÁRIA

Embora sejam doenças diferentes, apresentam as mesmas manifestações clínicas: nodulação, enduração, vermelhidão da pele sobrejacente, abscessos, fístulas. Acometem normalmente mulheres em idade fértil que tiveram um parto ou uma lactação recente. A mastite granulomatosa é uma doença auto-imune enquanto a tuberculose mamária é uma doença infecciosa. Nenhuma das duas é contagiosa (não passa). A doente e o médico precisam ser pacientes, pois o diagnóstico é demorado. A mastite granulomatosa costuma durar uns 12 meses e a TB comumente melhora após 2 meses de tratamento específico.  Muitas vezes, como o médico não consegue estabelecer um diagnóstico preciso costuma fazer teste terapêutico. A mama acometida pode ter sequelas, como inúmeras cicatrizes.
O que fazer?
1-      Consultar Mastologista
2-      Descartar câncer
3-      Fazer uma biópsia de fragmento ou punção aspirativa de células da área acometida
4-      Material coletado deve ser enviado imediatamente para: A- anatomopatológico (granuloma caseoso x granuloma não-caseoso)  B- Baciloscopia BAAR (coloração ZN)   C- Cultura para germes Piogênicos, fungos e micobactérias  D – Testes moleculares para complexo M tuberculosis (geneXpert )

Enquanto aguarda resultado: antibióticos, anti-inflamatórios, compressa morna, drenagem caso haja abscessos e PACIÊNCIA!
TB mamária: rifampicina, isoniazida, pirazinamida
MGI: corticoide e imunossupressores.

MASTITE / ABSCESSO SUBAREOLAR DA TABAGISTA

Nesse caso, não temos muita dúvida. A apresentação clínica é bem singular: dor, nódulo, inversão do mamilo e abscesso que se abre sempre na região periareolar. A paciente costuma ser fumante ativa ou passiva.
Tratamento: abandonar o tabagismo, antibióticos para aeróbios e anaeróbios, anti-inflamatório, compressa morna e cirurgia para os casos de fístula que não cicatriza.

domingo, 7 de julho de 2019

ECZEMA ARÉOLO-MAMILAR

ECZEMA AREOLO-MAMILAR

É um processo inflamatório da pele caracterizado por prurido, descamação, vermelhidão, alteração da cor e bolhas na aréola e mamilo, podendo ser uni ou bilateral. Pode ser localizado ou difuso, este último envolvendo todo o mamilo e a aréola. Acomete principalmente mulheres jovens, tendo como característica principal a intensa coceira na região acometida.
As principais causas envolvidas são 1- Psoríase, 2- Dermatite seborréica, 3- Dermatite de contato (como sutiãs) e 4-Dermatite atópica (alergia – defeito imunológico).
O principal diagnóstico diferencial que deve ser feito com a doença de Paget, um tipo raro de câncer de mama que acomete o mamilo.
O tratamento normalmente é feito com medicamentos tópicos. Apenas casos graves requerem medicação oral.
No caso de dermatite atópica alguns fatores funcionam como gatilho das crises: substâncias irritantes (poeira domiciliar, cosméticos, sabonetes, produtos de limpeza usados na lavagem das roupas), alimentos e bebidas (produtos lácteos, nozes, marisco), tecidos sintéticos, frio intenso, ambientes secos, calor e transpiração e estresse emocional.

O que fazer?

ü  Nada de chuveiro muito quente ou sessões demoradas. Vá de banhos mornos e ligeiros!
ü  Evite sabões comuns ou perfumes na região. Não esfregar! Prefira os sabonetes líquidos da marca Cetaphil ou Fisiogel
ü  Lavar roupas apena com sabão coco. Não usar amaciantes
ü  Usar roupas de algodão. Colocar um quadrado de fraldinha de algodão entre o sutiã e a pele.
ü  Arejar o local sempre que possível
ü  Exposição solar é bem-vinda. Dez minutos entre 6:30h-7h
ü                       Pomadas: conforme orientação médica



RASTREAMENTO EM TRANSGÊNERO

Na transição de gênero, seja feminilizante ou masculinizante, é realizado um tratamento hormonal o que poderia, em tese,  aumentar o risco d...