sexta-feira, 30 de agosto de 2019

A fosfoetanolamina cura qualquer câncer? A fosfoetanolamina é eficaz contra câncer de mama?



Não! Muito provavelmente não!
Fosfoetanolamina é uma molécula encontrada no corpo humano que participa na formação das membranas celulares. Um professor de química da USP de São Carlos desenvolveu um processo para sintetizar essa molécula em seu laboratório, mas ele só havia testado a eficácia da molécula em experimentos in vitro e in vivo em pequenos animais. O pesquisador passou a promover, há alguns anos, a distribuição de cápsulas da substância aos portadores de diversos tipos da doença.
A eficácia de uma substância para o tratamento do câncer não pode estar baseada apenas em relatos pessoais dos pacientes. É necessária a devida comprovação científica por meio de estudos clínicos (que são longos e complexos e passam por 3 fases). O estudo da fosfo não passou da fase 1. Nem se sabe ao certo qual a dose ideal e a dose tóxica.
Em 2016, o governo de São Paulo decidiu patrocinar uma pesquisa para descobrir se a fosfo realmente funcionava contra o câncer. A eficácia foi testada para tumores de pulmão, mama, próstata, estomago, fígado, colo de útero e cabeça-pescoço. A medicação não funcionou no grupo como um todo!

O câncer fragilizar seus portadores, que têm tendência a acreditar em terapias milagrosas. A esperança e a busca pela cura são legítimas e o dever de cada profissional médico é usar a evidência científica para selecionar o melhor tratamento para cada paciente.


quinta-feira, 15 de agosto de 2019

É possível evitar a Quimioterapia?




Sim! Na maioria das pacientes com câncer de mama inicial!
Até bem pouco tempo atrás, a Quimioterapia (QT) era prescrita para todas as mulheres diagnosticadas com tumores de mamas maior que 1 cm. Agora sabemos que a depender da biologia do tumor, a chance da doença retornar pode ser muito baixa e a quimioterapia (tóxica e agressiva) desnecessária.
A estratégia agora é indicar tratamento mais individualizado.
Há vários testes genéticos que podem ser feitos no tumor para determinar sua agressividade e a necessidade de QT. Os dois mais populares no mercado se chamam Oncotype e Mammaprint, cada um deles indicado em situações específicas. Não é para todas as pacientes! Existem critérios apropriados que são usados para solicitar os exames. Infelizmente, ainda não estão cobertos pelos convênios e SUS e têm um custo elevado (R$ 13 mil reais).


Oncotype Dx (Teste de 21 genes) – Quando pedir?
Resultados – Tratamento indicado

§  Qualquer idade
§  Tamanho do tumor  0,5 cm – 5cm
§  RE positivo
§  HER-2 negativo
§  Axila negativa

≤ 10 – só Hormonioterapia
11-25 - só Hormonioterapia *
>25 – QT + Hormonioterapia

*Se paciente < 50 anos com RS 21-25, há pequeno benéfico em adicionar QT (que talvez possa ser alcançado com supressão ovariana)

Mamaprint (Teste de 70 genes) – Quando pedir?
Resultados – Tratamento indicado

§  Qualquer idade
§  Alto risco clínico
§  T1, T2, T3 (operável)
§  RE positivo
§  HER-2 negativo
§  Axila negativa ou Axila positiva (1-3 LN)

Baixo risco – só Hormonioterapia
Alto risco - QT + Hormonioterapia

sábado, 3 de agosto de 2019

MASTITES CRÔNICAS



Ø  São as inflamações mamárias não associadas à amamentação que recidivam com frequência.
Ø  Causas mais comum:


SOBREPESO E OBESIDADE

Normalmente as pacientes que tenho diagnosticado com mastite crônica e recidivante apresentam algum grau de sobrepeso. Acredito que esta seja, possivelmente, a causa mais comum dos episódios de inflamação na mama. Já foi demonstrado em modelos animais e humanos que existe uma inflamação subclínica no tecido adiposo mamário das pacientes obesas. Macrófagos infiltram a gordura da mama e formam uma coroa ao redor das células adipócitas mortas e esses macrófagos produzem muitos mediadores inflamatórios. Além disso, a obesidade aumenta o risco de câncer de mama e está associada a um pior prognóstico entre as sobreviventes do câncer. Estudos mostram que a restrição calórica pode reverter à inflamação da glândula mamária em animais obesos. A diabetes também está associada a inflamações e lesões nodulares na mama.


MASTITE GRANULOMATOSA IDIOPÁTICA E TUBERCULOSE MAMÁRIA

Embora sejam doenças diferentes, apresentam as mesmas manifestações clínicas: nodulação, enduração, vermelhidão da pele sobrejacente, abscessos, fístulas. Acometem normalmente mulheres em idade fértil que tiveram um parto ou uma lactação recente. A mastite granulomatosa é uma doença auto-imune enquanto a tuberculose mamária é uma doença infecciosa. Nenhuma das duas é contagiosa (não passa). A doente e o médico precisam ser pacientes, pois o diagnóstico é demorado. A mastite granulomatosa costuma durar uns 12 meses e a TB comumente melhora após 2 meses de tratamento específico.  Muitas vezes, como o médico não consegue estabelecer um diagnóstico preciso costuma fazer teste terapêutico. A mama acometida pode ter sequelas, como inúmeras cicatrizes.
O que fazer?
1-      Consultar Mastologista
2-      Descartar câncer
3-      Fazer uma biópsia de fragmento ou punção aspirativa de células da área acometida
4-      Material coletado deve ser enviado imediatamente para: A- anatomopatológico (granuloma caseoso x granuloma não-caseoso)  B- Baciloscopia BAAR (coloração ZN)   C- Cultura para germes Piogênicos, fungos e micobactérias  D – Testes moleculares para complexo M tuberculosis (geneXpert )

Enquanto aguarda resultado: antibióticos, anti-inflamatórios, compressa morna, drenagem caso haja abscessos e PACIÊNCIA!
TB mamária: rifampicina, isoniazida, pirazinamida
MGI: corticoide e imunossupressores.

MASTITE / ABSCESSO SUBAREOLAR DA TABAGISTA

Nesse caso, não temos muita dúvida. A apresentação clínica é bem singular: dor, nódulo, inversão do mamilo e abscesso que se abre sempre na região periareolar. A paciente costuma ser fumante ativa ou passiva.
Tratamento: abandonar o tabagismo, antibióticos para aeróbios e anaeróbios, anti-inflamatório, compressa morna e cirurgia para os casos de fístula que não cicatriza.

RASTREAMENTO EM TRANSGÊNERO

Na transição de gênero, seja feminilizante ou masculinizante, é realizado um tratamento hormonal o que poderia, em tese,  aumentar o risco d...